Acontece, quando estamos mais desprevinidos.

Primeiro dia de aula do ano. E ainda é aula do ano passado. Acabou sendo como é de se esperar, muita preguiça, afinal, já estou em clima de férias.

Contudo não é sobre isso que quero contar. De volta, no terminal, encontrei com um dos colegas, e a conversa foi inevitável. Ele contou-me de sua experiência em pegar um ônibus que entrou por um caminho escuso, adentrando o Guamá, foi aí que me lembrei de uma história que já deve ter acontecido com todo o mundo. Não tive tempo de contar ao meu amigo, pois já passava o seu ônibus.

Houve um período em que eu tive que levar o meu irmãozinho na escola, era de certeza contra-mão para mim, tendo que voltar pra UFPA pela av. Nazaré. No primeiro dia, saí às pressas e peguei o dinheiro sem muita atenção. Na hora de pagar, percebi que tinha esquecido de contar uma passagem. Fiquei em um conflito interno, ir assim mesmo e pedir a passagem de volta emprestada de algum colega ou voltar e perder aula. Optei pela primeira.

Na parada, e atrasado, peguei o primeiro "Guamá" que passou. Afinal esses ônibus vão para o terminal, onde eu desço. Estava enganado! Subi no único que não tem esse destino! Fui parar no Tucunduba! Confesso que eu "gelei" quando o vi passar direto na rua onde normalmente dobram. Deve ser um desvio - pensava, mesmo sabendo que estava estranho demais e não querendo aceitar que ia pra um lugar nada acolhedor, sem dinheiro pra voltar.

A discrepância entre mim e as pessoas que ali moravam apenas denunciavam que eu era um estranho, o que me deixava bastante desconfortável. O final da linha era uma feira (quase quis ir lá conhecer...). Por minha sorte, o cobrador percebendo minha angústia, me colocou em um ônibus de volta. Voltei suando frio. Acabei indo pra casa de qualquer jeito, apenas escolhi o caminho mais difícil.

É incrível como essas coisas nos acontecem quando estamos mais desprevenidos.

Foto: Rodrigo Macedo Lopes