sexta-feira, 19 de março de 2010

Mais uma aventura?

Jogava cartas, ao anoitecer, para sair da rotina. Cheguei a ganhar a primeira partida, como de costume, quando veio mais um dos brilhantes e inestimáveis convites. Não era final de semana, contudo fui chamado a participar deste evento de confraternização. O convite oficial era destinado a um grande amigo, que por sua vez me levou.

– O Cláudio não está aqui, este é o lugar errado. Na última vez que saímos, foi para cá que viemos.

– Bom, essas características que me dissestes, só encontramos ali, mais a frente. – Sugeri o local, apontando.

– Será mesmo que ele está naqueles bares da pesada?

Chegando a este novo destino, logo o vimos acenando, entremeio àquela população “elitizada”, ao lado de um “me rouba” e atrás de uma prostituta, que no maior do absurdo, cobraria dez reais por um programa. Às vezes eu me pergunto como vou parar nesses lugares. Todos perguntam isso.

Éramos três em uma mesa. Conversamos bastante. Cláudio me pareceu um frequentador assíduo. Ele sabia de alguns detalhes, obscenos e sombrios. Conhecia as prostitutas, reconhecia os pedintes e contava histórias nada comuns, como a de um taco de bilhar, extirpando um olho, em uma briga.

Não há, em meu vocabulário, palavra merecedora da descrição de tal ambiente. Qualquer que eu use, por mais baixo calão que seja, seria mero elogio. O bar man, era gracioso nos seus movimentos, educado por natureza, um cão de guarda por necessidade, e um belo dançarino. Mais cão de guarda que dançarino. Aparentava ter lá seus cinquenta anos. Meu amigo quase apanhou por dizer que a cerveja estava quente.

– Aqui atrás estava um grupo de homens, tão feios, daqueles tipos que nos assaltam. Eles diziam que estava tudo ferrado, que a polícia tava na área, mas que não era pra ninguém vacilar. Tudo isso após terem saído de um bar às pressas. – Contou-me o amigo, no momento em que eu chegava do banheiro.

Eu não poderia ter saído sem antes presenciar uma briga, tão banal quanto os quartinhos de sete reais a hora. Algum bêbado, não queria pagar e o bar man não poderia permitir tal ofensa. Se atracaram, na porrada. Ninguém ligava, nem mesmo os que estavam em mesas bem próximas. Era uma realidade tão comum. Não era a minha realidade.

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